"Milkshakes são muito carentes" e a história sombria de uma pessoa carente que mora sozinha numa quitinete.

Eu amo essa propaganda!!... Me identifiquei muito com o pobre e incompreendico milkshake... Criei até uma comunidade no orkut para quem se identificou também: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1543991... Agora só falta o pessoal fortalecer a idéia.

Ai, eu sou carente!..... Eu preciso de abraços e atenção o tempo todo, ou então eu choro! Rsrsrs..... Ai que exagero... Pois é, andei percebendo isso: ultimamente as pessoas estão muito carentes. O mundo está precisando mais de carinho e atenção. As pessoas estão cada vez mais sozinhas na multidão... Isso não é bom. Isso não é nada bom. Todo mundo tem amigos, família, namorado... Mas e carinho?? Atenção? Isso faz parte também! Não adianta nada você ligar uma vez por mes e dizer que aquele cara é seu amigo. Dar um oi e achar que já fez a sua boa ação do dia... Carinho e atenção são coisas que dão trabalho, mas trazem recompensas ótimas e insubstituíveis. Quem nunca recebeu uma ligação de madrugada de alguém dizendo que está com saudade não dá carinho o suficiente para as pessoas. Ou não conquistou as pessoas como deveria. Tudo bem que carisma é um dom que poucas pessoas têm, mas se esforçar para que as pessoas gostem de você de verdade faz parte de todo tipo de relacionamento. As pessoas não vão gostar de você só porque você é da família, da mesma sala, trabalha no mesmo setor, ou porque você é popular, gostoso, passa cola ou faz todo o trabalho de grupo. Se disserem que gostam de você por algum desses motivos, você realmente tem um problema... Nha, esquece. Vamos começar de novo...

Quando estamos carentes, acabamos percebendo as coisas de uma forma diferente. O dia fica mais longo, e quando você deita pra dormir a solidão parece mais forte do que nunca. Cada pingo de chuva parece dizer que você está precisando de alguém. Você fica o tempo todo torcendo para o telefone tocar e ser aquela pessoa especial dizendo que te ama, ou apenas dizendo que está com saudade. Mas o telefona não toca. A chuva não pára. E você não consegue dormir.
No dia seguinte, você está cansado e com muito sono (claro, demorou horas para conseguir dormir). Todas as pessoas a sua volta parecem felizes e amadas, menos você. Mesmo sabendo que algumas delas estão na mesma situação de carência, a última coisa que você quer é um carente ao seu lado.
E você volta pra casa com aquela cara horrível, aquele desânimo... Toma um banho super demorado, na esperança de que a água quente te conforte, que o toque da água satisfaça a sua sede de contato com as pessoas, que cuidando de si mesmo você comece a achar que o seu amor-próprio baste para ser feliz. Mas no fundo sabe qua nada disso funciona. Que nada disso vai aliviar a sua solidão. E nada faz efeito. E você sai do banho ainda mais deprimido do que entrou. Deprimido, sim, porque é esse o resultado inevitável de uma crise muito longa de carência não resolvida.
Está na hora da janta, mas não faz a menos idéia do que comer. Queria alguém com você para dar uma idéia, mas você mora sozinho. E por que? Porque assim que conseguiu uma certa independência quis saber como é ter o seu próprio espaço, não ter que dar satisfação a ninguém. Só que você esqueceu de que morar sozinho, é estar sozinho todo o tempo em que estiver em casa. E nunca antes a sua pequena quitinete cheia de coisas pareceu tão gigantesca e vazia.
E você liga o som e coloca um CD, mas só ouve baladinhas românticas e outras músicas de fossa. E fica pensando: o que deu em mim dessa vez? Por que estou me sentindo assim? Por que aquela pessoa especial não está aqui comigo? E fica vendo a noite cair, ficar nada vez mais escuro. Não tem forças para levantar do carpete da sala ao lado do som para chegar no interruptor. Acende aquela vela que está no móvel, e fica vendo a chama ser agitada pela leve brisa que entra no apartamento, imaginando que o ar sussurra coisas doces ao seu ouvido: o espírito do vento está tentando te reanimar, de dar esperanças para que você não pare de tentar, e que você ainda vai encontrar essa pessoa especial. Você ri de leve, e fica pensando consigo mesmo: o vento errou, eu já tenho essa pessoa especial. Mas essa pessoa mora longe e nunca mais ligou. Não retornou os seus telefonemas nem respondeu as suas mensagens. E você fica se perguntando se ele estava mentindo quando dizia que te amava.
As horas passam e você fica olhando para o telefone. Torcendo para que ele toque e seja a ligação que você está esperando.
A noite caiu, a vela acabou, o vento parou e continua chovendo. Agora você está chorando. Colocando pra fora toda a sua angústia e o sofrimento. Sentindo cada lágrima escorrer pelo rosto como se fosse um carinho. E se enrosca no chão como se abraçasse a si mesmo. Chora baixinho, como se quisesse que as paredes não ouvissem seu pranto. E as paredes parecem se fechar sobre você, como se quizessem te reconfortar, te dar um abraço e dizer que alguém, em algum lugar, te ama e sente sua falta. Mas elas não se movem: continuam estáticas em sua existência inanimada. Agora você pensa em morte. Abandonar essa vida cinza e sem sentido. Cortar os pulsos não seria uma má idéia. Ver cada gota do seu sangue ser derramada como as lágrimas que ainda caem pelo seu rosto. Mas não tem coragem nem para acabar com a prórpia vida. Alguma coisa dentro de você, aquele último fio de esperança ainda te segura aqui, vivo. Fecha os olhos, como se tentasse parar de chorar, ou se tentasse dormir. Esquecer da vida por algumas horas abençoadas. Mas mais uma vez você não consegue. Seus olhos estão ardendo de tanto chorar, mas você os mantém abertos, olhando para a silhueta do telefone no escuro. Você ainda deseja que ele toque. Agora mais forte do que nunca. Fica imaginando alguém discando o seu número. A imagem nítida na sua mente, é como se você sentisse a saudade que queria que alguém sentisse por você.
E o telefone toca. Está tão acostumado a ele não tocar nunca que você leva um susto e fica se perguntando se não foi sua imaginação lhe pregando uma peça. Talvez tenha cochilado. Mas ele toca se novo. Será verdade? Não seria o telefone do vizinho? E nessa incredulidade você não levanta do carpete, agora úmido pelas suas lágrimas. O telefone pára de tocar. Entra a gravação da secretária eletrônica. É a sua voz, tentando se mostrar simpática e amável para com quem está ligando. Mas ninguém nunca tinha deixado nenhuma mensagem, algumas vezes você até tinha duvidado se ela realmente funcionava. A sua mensagem acaba e vem o bip. Uma voz fala em seguida:
_ Amor, sou eu. Você sumiu. Está tudo bem? Estou morrendo de saudades. Te amo. Me liga assim que receber essa mensagem. Beijo... Tuu, tuu, tuu, tuu, tuu....

O MINISTÉRIO DA SAÚDE AVDERTE:

Ficar carente faz mal a saúde, mas exercita a sua imaginação

É, os velhos tempos dos posts gigantes voltaram. =]