Olhe ao seu redor. Esfregue os seus gravetos mentais e acenda um fogo. Acorde o macaquinho do sótom-mental. Eles estão lá, estão por toda a parte, e sustentam o seu mundo. É só ver. O que eles significam? Pra mim? Hum... bem... o que eles significam para você? Veja, simplesmente veja-os. Afinal, as maiores viagens também começaram com um único passo.

sábado, junho 25, 2005

Uma Viagem pela Estrada de Tijolos Amarelos - 3º dia

No terceiro dia, todos nós acordamos alegres e bem dispostos, e rapidinho nos pusemos a viajar de novo. Não demorou muito tempo, encontramos um hippie na beira da estrada, sentado num tapete em cima de uma pedra e tocando violão. Paramos para ouvir o cara tocar uma música que acabou nos chamando a atenção:

Dezessete anos e fugiu de casa
Às sete horas na manhã do dia errado
Levou na bolsa umas mentiras pra contar
Deixou pra trás os pais e o namorado
Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar.
Pelo caminho garrafas e cigarros
Sem amanhã por diversão roubava carros
Era Ana Paula agora é Natasha
Usa salto quinze e saia de borracha

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar.
O mundo vai acabar
Ela só quer dançar
O mundo vai acabar
Ela só quer dançar, dançar, dançar.
Pneus de carros cantam
Thuru, Thuru, Thuru, Thuru

Tem sete vidas
Mas ninguém sabe de nada
Carteira falsa com idade adulterada
O vento sopra enquanto ela corre
Desaparece antes que alguém acorde
Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar.
Cabelo verde, tatuagem no pescoço.
Um rosto novo, um corpo feito pro pecado.
A vida é bela, o paraíso um comprimido
Qualquer barato ilegal ou proibido
(Capital Inicial- Natasha)
Essa história se parecia muito com a de alguém que nós conhecíamos muito bem, e não era uma menina de 17 anos chamada Ana Paula. Era a Dorothy. Louca do jeito que ela é, só mesmo tendo uma história de vida assim. E rapidamente perguntei ao hiponga se a música era inspirada em alguém real ou apenas o fruto de alguma viagem que ele tenha feito de mãos dadas com algum duende a base de cogumelos mágicos. A resposta foi surpreendente: ele era o namorado que a tal menina abandonou quando resolveu cair na vida, mas ela não se chamava Ana Paula, e ele não tinha prova alguma de que ela havia trocado seu nome para Natasha, passado a usar salto quinze ou saia de borracha, pois ele nunca mais havia tido qualquer notícia sobre ela. Quando indagado sobre o motivo para ele ter trocado o nome original da menina, a resposta foi apaixonada: ela devia ter tido bons motivos para partir, mas que não podia revelar. Um nobre mancebo ainda apaixonado depois de tantos anos pela mesma garota hoje em dia é de espantar até mesmo uma rainha como eu. Nessa hora, percebi que a Dorothy estava um tanto quanto nervosa e inquieta, se escondendo no meio do mulão que nos acompanhava. Percebi na hora toda a verdade, e era uma situação tensa.
Sem querer o cara havia encontrado sua Dorothy perdida há tantos anos. E como ninguém estava a fim de ficar segurando vela, continuamos viajando pela Estrada de Tijolos Amarelos até a hora do almoço, quando resolvemos parar para esperar a Dory nos alcançar.
Esperamos o resto do dia e ela não apareceu. Resolvemos acampar ali mesmo, e todos dormimos um sono leve e sem sonhos, perturbado insistentemente por qualquer barulho da natureza que pudesse ser a Dorothy chegando. De madrugada, fui acordada por umas pessoinhas estranhas que queriam uma informação: procuravam um hippie sentado num tapete em cima de uma pedra que tinha reencontrado uma namorada antiga, e encomentou uma remessa especial de cogumelhso mágicos para comemorar o acontecido. Alguma coisa me dizia que esses carinhas eram os tais duendes que iam de mãos dadas com o hiponga, mas eu estava com tanto sono que acabei achando que não eram não, e voltei a dormir.


*CONTINUA

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