Minha guerra começou um ano atrás, coincidindo com mais uma paixão. Era uma guerra suicida, não havia qualquer esperança de que o céu se abrisse e eu contemplasse o sol do sucesso. Mas não dei ouvidos aos alertas da minha alma e mergulhei de cabeça, de peito aberto, com a coragem das águias jovens que não conhecem o mundo: "Sou forte e supero as intempéries. Que venha o terror e o sofrimento, pois eu os derrotarei". Estava apenas iludida pela minha própria esperança. Eu era uma água jovem, sim, mas que aprendera rápido com todas as batalhas e me tornara sábia como o carvalho. Mas a centelha da esperança nunca se apagara, e plantara em minha alma o anseio de correr livre e feliz como o gamo na floresta virgem. E lá fui eu, coroada de sonhos e levada pelo vento, no difícil trajeto até a vitória que me aguardaria no topo de um castelo de cartas marcadas. E a tão almejada vitória definitiva não veio. Mas nunca me dei por vencida. Caí e me levantei seguidas vezes, até que vislumbrei a vitória em um caminho diferente, o qual trilhei sem perceber que, na manutenção da vitória, a um novo abismo certamente eu me dirigiria. E neste abismo eu caí, e após me recuperar voltei à velha batalha na qual encontrei a verdadeira perdição. Mais uma vez bloqueei meus olhos e ouvidos aos freqüentes avisos e mais uma vez me entreguei de peito aberto. Mas a luz da vitória minguava incessantemente até que finalmente se apagou. Foi extinta pelo anjo que esteve às minhas costas durante toda a busca. Mas meu corpo ferido não aceitou a realidade, não podia acreditar que tudo havia terminado de forma tão leviana, não podia ser tão simples assim.
E nessa descrença me apresentei ao inimigo para o combate final. E neste combate eu sucumbi.
Hoje eu me levantei. Auxiliada pelos que podiam, por aqueles que se esforçavam para reacender a luz ante meus olhos e por aqueles que o faziam por seu bom coração sem perceber o auxílio que prestavam, finalmente acreditei que havia terminado. Sim, acabou. De forma quieta, no silêncio de uma tarde nebulosa, num ambiente de paz e sabedoria onde já haviam sido travadas tantas batalhas e tantas outras aconteceriam, a última brasa do fogo bruxuleante se apagou. E o vento levou embora suas cinzas.
E a guerreira bárbara se foi. Vencida pela luta e com o corpo destruído por minha própria vulnerabilidade, não mais estive entre os vivos. No campo cinzento onde jazem todos os derrotados, e agora úmido por minhas próprias lágrimas vertidas ante toda a dor, uma transformação ocorreu. De lá não mais saí a torre forte que cria cegamente nas ilusões da própria esperança, mas sim a deusa renascida, a fênix, não mais crendo em sonhos, mas ditando minhas próprias regras, sabendo-me bela e poderosa. E assim, como uma aparição, mais terrena do que a ruína que me cercava, ergui a fronte em direção ao meu novo horizonte, uma nova chama fulgurando à frente. De cabeça erguida, o peito aberto agora apresentando apenas fina cicatriz. Lutarei apenas guerras certas, pois finalmente conheço as armas que tenho, e mesmo sem saber para onde o vento me levará e quais inimigos me aguardarão, sei que não me deixarei enganar ou abater. Mas se a vida, igualmente fortalecida após o último embate, também apresentar perigos inesperados que consigam vencer-me, não temerei jamais. Pois a fênix, mesmo que caia, sempre ressurge das próprias cinzas.
Get ready for action.
2 comentários:
cara...............
speechless.
Nossa, esse negócio de ficar com o febre e delirar faz vc escrever textos engolfantes. Tô mudo...
"Ser aluno da Cultura Inglesa" agora é rótulo? Na minha época não era :) Para falar a verdade naquele tempo tinham bastante punks e rock 'n' rollers por lá!
Poxa, todas as vezes que liguei pro seu celular ele estava desligado... o que vc acha de a gente se falar e fazer alguma coisa de novo? Hein? :)
Bjos
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